
Ao tentar informar-me para escrever o meu parecer em resposta à consulta pública sobre os testes experimentais com milho NK603 (Salvaterra de Magos e Évora) encontrei uma campanha da Greenpeace que tem por mote "
forget condoms - eat GM maize" [
link]. Pois... é que o milho que se quer experimentar cá em Portugal já foi testado noutros sítios, e as autoridades austríacas para a segurança alimentar [
link] deitaram-lhe a mão e fizeram uns testes com ele. Aliás, fizeram testes com uma variedade que é cruzada dos transgénicos MON810 (já alegremente em circulação) e NK603, a chamada linha MON810xNK603. Resultados: ratinhos com apenas 33% deste milho na sua dieta têm menos filhotes, com menos peso, e isto prolonga-se até às 3ªs e 4ªs gerações. Ou seja,
como anticonceptivo, este transgénico tem futuro...
Entretanto, também descobri que nos motores de busca científicos todos os estudos sobre o NK603 que aparecem são de carácter molécular e exclusivamente para caracterizar os genes inseridos, ou referem-se apenas ao peso e qualidade nutricional do milho e de gado alimentado com ele. Não encontrei UM ÚNICO estudo sobre efeitos fisiológicos em quem o come que não fossem efeitos de interesse comercial: peso dos animais, qualidade da carne e do leite, etc. Os que encontrei foram feitos pela empresa que detém a patente do NK603 e não estão publicados no meio científico nem foram sujeitos a revisão científica. Isto é irracional mas é possível porque a lei europeia estabelece que quem tem que apresentar estes estudos é a empresa que propõe a comercialização de um transgénico e eles não têm que ser sujeitos a revisão científica. Se não houver um laboratório ou uma agência (como a AGES austríaca) que resolva fazer os testes por si, somos obrigados a acreditar na empresa.
Não interessa bem de quem é a culpa desta situação, interessa é como é que podemos começar a mudá-la... participar na consulta pública promovida pela Agência Portuguesa do Ambiente é uma (das únicas) maneira(s) [
link].
A ONG IrishSeedSavers tem um bom resumo (em inglês) do dito estudo austríaco aqui [
link], cujo pdf pode ser encontrado na página da AGES [
link] procurando pelo nome do autor: Prof. Dr. Jürgen Zentek
Muitas pipocas para todos****
...ler tudo>>