...Quando chegámos à estação principal, ele avisou toda a gente que queria prosseguir caminho para outras terras para mudar para o autocarro da frente. Fez-nos sinal que ficássemos, e dirigiu-se para os últimos assentos do autocarro.
...Começou a discutir com um rapaz que devia ter entre 25 a 30 anos, com boa aparência e até vestido de maneira algo formal. Disse-lhe que ali era a última paragem e que tinha que sair. O rapaz protestou, apontou para nós e disse que nós também não tínhamos saído e que ele queria ir até à última paragem da vila. O condutor disse-lhe que então tinha que ir tirar outro bilhete porque os bilhetes são mais caros para cada paragem adicional. E disse que se ele queria ir até à última paragem, tinha que pagar, como nós. Mas nós não tínhamos pago. Só que ninguém disse nada. O condutor ameaçou chamar a GNR.
...Uma pessoa de fora do autocarro ofereceu-se para dar boleia até casa ao rapaz, e este acabou por sair quando a conversa já estava num tom bastante azedo. O condutor pegou no autocarro e deixou-nos, aos três espectadores daquele imprevisto, na última paragem da vila, para a qual se tinha oferecido para nos levar sem cobrar bilhete, e foi estacionar o autocarro no parque de pesados ali perto.
Já me esquecia de um pormenor da história. O rapaz era negro. Nós, os outros, não.