A Sanguessuga Ecológica :)

....Há pouco tempo houve um chico-esperto que declarou todo contente que a introdução de plantas transgénicas era uma mais valia para a biodiversidade porque com cada planta transgénica tínhamos mais uma espécie (Gepts, 2002, "A Comparison between Crop Domestication, Classical Plant Breeding, and Genetic Engineering", Crop Science, 42:1780–1790). Bom. Todos apreciamos a biodiversidade, mas nem por isso se decidiu colonizar Chernobyl para termos uma escolha mais variada de raças (e com alta probabilidade, formas) humanas. A biodiversidade que existe hoje em dia é o resultado do equilíbrio de pressões evolutivas e colonizações lentas ao longo de milhares ou milhões de anos, e sempre que uma espécie caiu de pára-quedas em algum sítio, como por exemplo os cães domésticos levados para as ilhas pelos descobridores, houve extinção quase instantãnea de uma mão-cheia de espécies. Outro exemplo apropriado de como uma espécie pode extinguir até parte de si mesma se houver uma população mais competitiva seria a história de como os espanhóis aterraram no meio das civilizações sul-americanas e fizeram um trabalho que foi uma limpeza, mas isso fica para outra altura...

....Tenho (temos) assistido ao nascimento de uma espécie nova que vive em simbiose com os elementos poluidores do planeta, tal qual plantinha que aprendeu a colonizar as fendas das paredes ao pé das chaminés e viver do mercúrio emitido por elas. Os ambientalistas de secretária. A sério que me incomodam, apesar de ter a certeza que tal como todos os seres, têm o seu papel no Universo. Mas se eu alguma vez for responsável pela extinção de uma espécie, é desta. Vivem da febre que recentemente atacou as empresas e que as faz investir numa fachada de responsabilidade ambiental, nem que essa fachada seja apenas produzir duas toneladas de panfletos com clichés ecológicos para os quais se cortaram 20 hectares de floresta, se misturaram 20 litros de tinta tóxica a metais pesados coloridos, e se andaram mais 20 000 km de carro para reuniões muito ambientais. Muito ecológico, desde que no fim se ponha o panfleto no Eco-Ponto. Qual? ah, o Azul. E as 500 000 garrafinhas de plástico usadas nas das reuniões no Amarelo. Pú favô. O avô do João também põe.

....Outros desesperados à procura de simbiose com esta espécie são as autarquias que querem mostrar a toda a gente que estão a implementar Agendas 21, que ninguém sabe o que são, mas desde que haja muita distribuição de folheto com dicas ecológicas, muito cartaz verde, muita àrea-de-projecto nas escolas sobre "vamos salvar o planeta", tudo bem. Se há uns anos ninguém levava os ambientalistas a sério quando tentavam salvar as baleias, agora são estas sanguessugas ecológicas que caem no ridículo, uma espécie de gestores ambientais que foge das lagartixas, tem em casa violetas africanas e ciclídeos da Amazónia em vez de mangericos e hortelã, come morangos das estufas espanholas em Janeiro e podem até já ter filhos, mas a única coisa que escreveram até agora foi um panfleto e de certeza que nunca plantaram uma árvore.

....Espero que por cada tonelada de papel que gastam abram pelo menos uma mente de um jovem que venha a tornar-se um ambientalista a sério, que faça coisas tipo oferecer plantas aromáticas à família no Natal e plantar um carvalho. Cuja madeira sirva para fazer um belo taco de basebol. Para quê, acho que vocês já perceberam...

2 comentários:

Manuel Rocha disse...

Definitivamente agradas-me, pequena !!!

:))))

Xoné disse...

É seguro comer uvas sem "grainhas", melancias amarelas e kiwis sem pêlos?