...Na 6ª feira à tarde arrumei a secretária, apanhei o metro e de seguida o Intercidades para Lisboa. Saí na minha paragem e fui a correr apanhar o autocarro para casa dos meus pais. Pedi ao condutor um bilhete para a última paragem da vila, mas aquele autocarro só ia até à estação principal. O motorista disse-me então que aquela era a última viagem do dia, a seguir ia arrumar o autocarro e podia deixar-me ao pé do meu bairro. Já o conheço desde os tempos de liceu e achei simpático. Reparei que disse a mesma coisa a mais duas ou três pessoas que já são caras conhecidas de, pelo menos, partilharmos autocarros há alguns anos. Até me lembro de ter pensado que se toda a gente fosse assim tão disponível, o mundo era de certeza um lugar melhor.
...Quando chegámos à estação principal, ele avisou toda a gente que queria prosseguir caminho para outras terras para mudar para o autocarro da frente. Fez-nos sinal que ficássemos, e dirigiu-se para os últimos assentos do autocarro.
...Começou a discutir com um rapaz que devia ter entre 25 a 30 anos, com boa aparência e até vestido de maneira algo formal. Disse-lhe que ali era a última paragem e que tinha que sair. O rapaz protestou, apontou para nós e disse que nós também não tínhamos saído e que ele queria ir até à última paragem da vila. O condutor disse-lhe que então tinha que ir tirar outro bilhete porque os bilhetes são mais caros para cada paragem adicional. E disse que se ele queria ir até à última paragem, tinha que pagar, como nós. Mas nós não tínhamos pago. Só que ninguém disse nada. O condutor ameaçou chamar a GNR.
...Uma pessoa de fora do autocarro ofereceu-se para dar boleia até casa ao rapaz, e este acabou por sair quando a conversa já estava num tom bastante azedo. O condutor pegou no autocarro e deixou-nos, aos três espectadores daquele imprevisto, na última paragem da vila, para a qual se tinha oferecido para nos levar sem cobrar bilhete, e foi estacionar o autocarro no parque de pesados ali perto.
Já me esquecia de um pormenor da história. O rapaz era negro. Nós, os outros, não.
...Quando chegámos à estação principal, ele avisou toda a gente que queria prosseguir caminho para outras terras para mudar para o autocarro da frente. Fez-nos sinal que ficássemos, e dirigiu-se para os últimos assentos do autocarro.
...Começou a discutir com um rapaz que devia ter entre 25 a 30 anos, com boa aparência e até vestido de maneira algo formal. Disse-lhe que ali era a última paragem e que tinha que sair. O rapaz protestou, apontou para nós e disse que nós também não tínhamos saído e que ele queria ir até à última paragem da vila. O condutor disse-lhe que então tinha que ir tirar outro bilhete porque os bilhetes são mais caros para cada paragem adicional. E disse que se ele queria ir até à última paragem, tinha que pagar, como nós. Mas nós não tínhamos pago. Só que ninguém disse nada. O condutor ameaçou chamar a GNR.
...Uma pessoa de fora do autocarro ofereceu-se para dar boleia até casa ao rapaz, e este acabou por sair quando a conversa já estava num tom bastante azedo. O condutor pegou no autocarro e deixou-nos, aos três espectadores daquele imprevisto, na última paragem da vila, para a qual se tinha oferecido para nos levar sem cobrar bilhete, e foi estacionar o autocarro no parque de pesados ali perto.
Já me esquecia de um pormenor da história. O rapaz era negro. Nós, os outros, não.
2 comentários:
Fizeste me lembrar aquele filme (dos melhores que vi, já agora), com o Samuel L Jackson e o Matthew McConaughey, "Time to Kill" em que uma rapariguinha é violentamente violada e o pai resolve fazer justça com as suas próprias mãos. Escusado será dizer que o pai foi absolvido no final, devido ao brilhante argumento proferido pelo advogado nas legações finais. Até a mim provocou-me uma reacçao de estupefacção porque o filme desenrola-se em clima de grande tensão e quando se julgava que tudo estava perdido o Matthew McConaughey saca-me daquele argumento
Que nojo!
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