Porque não?
Quando estava em Manchester um colega fez questão de me emprestar o livro "Why People Hate America". Eu li a introdução e fiquei por aí. O livro não respondia à pergunta, antes dava uma lista de razões para o fazer, e deveria chamar-se "Why People should Hate America". Para mim, os USA e os americanos são uma coisa demasiado abrangente para me suscitar qualquer tipo de sentimento definido. OK, gostava de ir ao Grand Canyon. E já conheci uma texana que me ensinou a cozinhar o fungo quorn, a alternativa proteica mais saudável para os vegetarianos.
Aplica-se agora mais do que nunca citar uma rapariga que ilumina os dias dos que a conhecem. A Ana:
«como é que alguém pode pensar que é boa pessoa quando só vê mal nas acções alheias? como é que alguém pode pensar que é boa pessoa quando pensa que é uma vítima? como é que alguém pode pensar que há bondade na sua incapacidade de ver o que há de bom em cada um?» ...ler tudo>>
colocado por Rita às 10:51 da manhã categorias: make love not war 3 comentários
Lista de Prendas para o Natal 2.0
colocado por Rita às 8:00 da manhã categorias: Natal 9 comentários
Friorento
O mais friorento lá em casa é um indivíduo de 12 anos que tem mais pêlo que uma ovelha Gotland, um cesto e uma manta polar, e que mesmo assim este ano continuou a reclamar com o frio até lhe arranjarmos um casaquinho. O Pepe:
Será porque sempre se considerou meio humano? Se qualquer maneira, a minha mãe já arranjou moldes para lhe tricotar um enxoval de casacos, que o bicho tem direito a um pouco de estilo.
colocado por Rita às 11:06 da manhã categorias: animais 1 comentários
O silêncio é de cristal
....De manhã, o silêncio é de cristal. Porque é frágil mas intenso, transparente e denso ao mesmo tempo. E fácil de quebrar. Acordo sem necessidade de despertador, geralmente 2 ou 3 minutos antes dele tocar, o que me dá tempo para o desligar antes que encha a casa com o seu pio estridente. O silêncio matutino é mais intenso, é um silêncio que ainda não foi quebrado, excepto talvez por alguns automóveis à distância. Até as gatas pressentem que de manhã o silêncio é sagrado. No frio da manhã o som propaga-se com mais facilidade e consigo ouvir o mar no Castelo do Queijo. Os sons da Natureza não rompem este silêncio e não me incomodam.
E detesto ser eu a quebrá-lo. Detesto as primeiras palavras do dia, venham de onde vierem.
Estou em silêncio por fora e por dentro até sair à rua e entrar na Universidade onde me rodeiam de vozes. O dia também tem que acordar. E depois vem inevitavelmente o momento final de misericórdia, aquele em que eu tenho que quebrar o meu próprio silêncio interno e abrir a boca para os primeiros sons do meu dia. "Bom dia". "Com licença". "Olá". Custa-me tanto como o estilhaçar de mil copos de cristal. Agora só amanhã de manhã....ler tudo>>
colocado por Rita às 7:20 da manhã categorias: Zen 1 comentários
Kitchen-Garden
Em Inglês não existe uma palavra para "horta". As hortas chamam-se kitchen-gardens, ou jardins de cozinha, porque apareceram quando as famílias que se deslocavam para as cidades à procura de melhores condições de emprego começaram a usar os talhões de terra destinados aos jardins das casas para cultivar hortícolas. Não há casas em Inglaterra que não tenham um quintal, nem que seja para escoar a humidade da casa, com excepção dos apartamentos em prédios que só existem mesmo no centro das cidades. Mas a maior parte das pessoas vive nas periferias, em bairros de milhares de casas semi-vitorianas, vermelhinhas, com o seu kitchen-garden atrás, e deixa os prédios para escritórios.
Desde há uns tempos atrás resolvi oferecer as minhas plantas decorativas e ir substituindo por plantas comestíveis ou com alguma utilidade prática, como afastar moscas ou proteger a terra dos vasos de fungos e nemátodes. Comecei com couves, coentros, calêndulas, mangericão (basílico) e 3 variedades de hortelã que trouxe da horta da universidade e de casa dos meus pais. Entretanto arranjei também um belo vaso de morangueiros.
Como estou realmente a pensar dar uso ao que for saindo do meu pequeno kitchen-garden na marquise, tenho seguido todas as boas regras de agricultura biológica e a praga de pulgões que veio com as couves foi resolvida com sabão azul diluído em água. Adubei com composto e acho que está a funcionar porque já consegui atrair alguns dos "bichos ajudantes" tão famosos na agricultura biológica. Por exemplo: olhem o ar empenhado da Leela a ajudar a calcar a terra depois da sementeira das cenouras:
...ler tudo>>colocado por Rita às 2:30 da tarde categorias: horta 3 comentários
Diários da Invicta
...Por cá o Outono recusa-se a aparecer apesar da mudança horária e das poucas horas de luz já terem provocado uma inundação das ruas de folhas de plátano. O Hugo Chavez e o Paulo Portas continuam a ser uma das razões pelas quais se inventou o taco de basebol. Há um café onde se reúne um núcleo benfiquista nos dias de jogo, no rés-do-chão do meu prédio.
Já descobri que aqui o cabelo não se usa escadeado mas sim escalado, que um folhado de chocolate é um panike e um penso rápido é um curitas e a broa de Avintes dura 10 dias.
Os portuenses não mandam piropos. Em 4 meses, devo ter ouvido um número igual de bocas dos trolhas. Ao pé da casa dos meus pais para ouvir 4 piropos basta sair de casa e ir ao Pingo Doce a 500 m. Não faz parte da cultura. Será porque as mães de família têm mais bigode que os adolescentes que trabalham nas obras e bícepes de quem mexe o recheio das alheiras nos caldeirões ano após ano? Eu não me metia com ninguém que tivesse uma avó assim.
Aos fins de semana os centros comerciais estão vazios e o passeio de Matosinhos até à Foz está cheio. O Parque da Cidade também. Combinei com uma colega irmos até lá dar os restos de pão aos cisnes, antes que eles voem para sul. Na verdade, nem sei se em Portugal os cisnes ainda voam para sul no Inverno.
...Descobri a feira da ladra. E descobri que têm a Rua Duque de Loulé, a Praça da República, a Praça da Liberdade e a Rua Camões, nós temos a Avenida da Duque de Loulé, a Avenida da República, a Avenida da Liberdade e a Praça Camões.
No sábado passado fui ao Bolhão. E....mãe,...se lá volto, vamos ter bichos de estimação novos...
colocado por Rita às 6:32 da tarde categorias: Diários da Invicta 0 comentários
Little boxes, on the hillside...
Ainda não faz 2 semanas que uma amiga me disse que devia arranjar umas caixas de cartão e despejar para lá tudo aquilo que não me faz falta. Roupa, cartas, flores secas, recordações, tudo. Que se queria mudar, tinha que começar por arranjar espaço para as coisas novas, e isso fazia-se deitando fora as velhas. "Sem apelo nem agravo" - disse ela - "e também tens de arranjar uma caixa dentro da tua cabeça. Quando te passar uma ideia velha que pertence à pessoa que já não és nem queres ser, manda-a para a caixa".
Bom. Não sendo realmente uma pessoa de acumular tralha, a limpeza material foi fácil. E libertadora.
A limpeza mental tem sido mais longa, mas nem por isso menos divertida. Escolhi não pensar mais de certas maneiras. Escolhi não pensar mais em certas pessoas. Escolhi decidir-me finalmente entre certas ambivalências, e tudo o que sobrou foi para a caixa. Escolhi não me deixar afectar mais por algumas coisa, e mandei isso para a caixa. Agora enfrento-as como eu sempre quis na teoria e nunca tinha posto na prática. Também peguei num bom molho de situações não resolvidas. Para a caixa. Não quero carregar mais com elas. É melhor do que o primeiro banho de mar do ano.
Little boxes on the hillside,
Little boxes made of ticky tacky,
Little boxes on the hillside,
Little boxes all the same.
There's a green one and a pink one
And a blue one and a yellow one,
And they're all made out of ticky tacky
And they all look just the same.
And the people in the houses
All went to the university,
Where they were put in boxes
And they came out all the same,
And there's doctors and lawyers,
And business executives,
And they're all made out of ticky tacky
And they all look just the same....ler tudo>>
colocado por Rita às 12:40 da tarde categorias: stepstones 0 comentários