sê como o sol

Duvido que alguém tenha alguma vez conseguido comer as 12 passas ao ritmo das badaladas. Engoli-las, talvez. Engasgar-se brutalmente, com toda a certeza. Depois de uma tentativa muito mal sucedida por volta dos 7 anos, para a qual contribuiu (suspeito!) a garantia do meu pai que os desejos só se realizavam se eu comesse as passas em cima de um banco atrás da porta e com um pé levantado (temos o gene do british humour na família), este ano vou voltar a não comer as 12 passas. Mas...

Chego ao fim do ano e sinto que devo dar graças...
- ... pela má experiência de viver em Manchester e por esta me ter ensinado a descobrir um novo valor nos amigos e família.
... por ter tido coragem de pôr no compostor as ligações que já estavam meio decompostas de qualquer maneira.
- ... pelas pessoas novas que o ano me trouxe ou pelas que voltaram a entrar na minha vida: a Sandra, a Ana, a Sarah, o Nuno e a Paula, a Sónia, a Mónica, o Filipe, a Rita e a Mara, a Vera, a Anita...
- ... por poder partilhar a vida do Chantilly, um dos meus pequenos mestres Zen, desde a sua beleza perfeita até à sua maneira de ser um pequeno Deus de 4 patas que nunca sonharia sequer que poderia ser outra coisa.
-... pelas respostas que encontrei ou me encontraram
-... por acabar o ano com o dobro das perguntas às respostas que me encontraram

Cada vez mais me convenço de que não há riqueza senão a interior e não há amor senão o universal. Que ser "bom" ou "fazer a coisa certa" valem por si próprios e não pelos resultados. E valem mais para quem os faz. "Ser bom" ou "correcto", atitudes que derivam naturalmente de se amar cada parte infinitesimal do Mundo, soma-se à quantidade de bem nesse Mundo mas eleva exponencialmente o calor que temos no coração. Sermos um veículo do bem desinteressado a cada segundo acaba por ser um paradoxo tal é o ganho pessoal e o crescimento interior que daí se tiram...
Acabo 2007 convencida de que o meu caminho é ser como o sol. Brilhar mesmo que não tenha nenhum objecto sobre que o fazer.

Abraço********...ler tudo>>

Manifesto Neo-Verde

Há uns tempos dei com o seguinte texto no blog Bolinas, do Manuel Rocha. A eco-verde que há em mim teve vontade de lhe bater imediatamente com uma garrafa de PET, reutilizando-a em vez de reciclar, porque reutilizar não gasta energia. Depois pensei nas neoverdices que me encaixam que nem uma luva, e aos meus amigos ecológicamente correctos também. E esta, hein?

«Fruto de um casamento de conveniência entre os burgueses que somos e os cidadãos que gostaríamos de ser, nasceu um híbrido: o neo-verde !
O neo–verde, é o prematuro-mutante-viável de uma tentativa desconseguida de compreensão do sentido da Vida. Prematuro, porque não sobrevive sem um sistema exterior de apoio – os média e os congressos de educação ambiental; mutante viável, porque resulta da evolução possível de quem tentou perceber os fundamentos da ecologia, mas percebeu mal !
O neo- verde tem formação média ou superior e encontra-se disponível em duas versões: light e hard ! O neo-verde light, proclama sempre que pode que é preciso salvar o planeta, compra as fitas do novel-Nobel pela internet e é assinante da National Geografic. O neo-verde hard,vai mais longe: só consome produtos com certificação ambiental equando trocar de carro quer comprar um Honda-hibrido (o Lexus estáfora do orçamento).
O neo verde é a personificação de todas as pseudo-certezas imaturasque atingem os pós-adolescentes tardios . Confunde sabedoria comconhecimento e não distingue conhecimento de informação. Por isso,acredita hoje no aquecimento global e amanhã há-de acreditar noarrefecimento global. O neo-verde é evolucionista desde o Big Bang e além disso conseguiu a proeza de simplificar para dois a complexa fórmula dos três R's – o entendimento neo-verde é que quem recicla, reduz !
Pode-se pois dizer que a cultura neo-verde se caracteriza por umaespécie de neo-provincianismo invertido. Explico: ele sabe exactamenteo que é preciso fazer para salvar o planeta, mas não faz ideia de como se semeia um alho. No entanto, se colocado perante esta dificuldade, o neo-verde tem sempre a resposta pronta: "esse tipo de questão não é linear, tem contornos mais complexos e outro tipo de implicações, e por isso não deve ser abordada de uma forma simplista sem antes se proceder a uma avaliação integral de todos os impactos". E o alho, agradece!
O neo-verde não prescinde da janela panorâmica na marquise, mas quando tiver dinheiro quer equipá-la com vidro duplo. O neo-verde é consumidor de Actimel e está na expectativa de que brevemente a ciência torne biodegradáveis as respectivas garrafinhas. O neo-verde está em permanente dieta de hidratos de carbono, e por isso não vê inconveniente em que com trigo se produza etanol para os motores a gasolina.
Contrariamente ao demodé verde-contestatário, a personalidade neo-verde é por natureza conciliadora: acredita no valor do consenso como menor denominador comum para um futuro melhor, e pauta-se por princípios de uma saudável flexibilidade. Por exemplo: se tiver queoptar entre qualquer questão verde e o cheque do fim do mês, oneo-verde encontra sempre forma de ficar com o cheque !
Ambientalmente falando, o neo-verde é ejaculador precoce, isto é, anda sempre tão excitado com a questão que ao mínimo estimulo debita verdura, deixando o interlocutor sempre insatisfeito. Exemplo: o neo-verde é exímio em conceitos éticos, mas chega sempre atrasado às reuniões.
Para além disso o neo- verde tem bons hábitos sociais e hobbies sustentáveis, tipo sócio de um moto clube que promove passeios de natureza. Assim, num fim de semana soalheiro, procura um pendura tão verde-alface quanto possível, e vão em caravana ver os golfinhos ao zoomarine ou ouvir os passarinhos ao sitio das fontes. Claro que se estiver de chuva, o neo-verde fará como o comum dos mortais: mete-se com a família no monovolume do pai e vai passar a tarde ao Fórum local. Foi exactamente numa dessas tardes em que arrastava indolentemente as solas recicladas pelos reluzentes pavimentos da catedral do consumo, que o neo-verde exultou com a novidade: acabava de ganhar o Nobel !!!
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Vão dar os parabéns ao Manuel ao seu blog: http://manuelrrocha.blogspot.com ....ler tudo>>

Eco-dicas - Inverno

Todos os dias chego a casa com os pés gelados. Como vivo no 4º andar subo de elevador, gastando energia. E depois gasto energia a aquecer água para o saco de água quente, ou com o aquecedor. Há uns dias experimentei subir a pé para ver se aquecia os pés e cheguei lá acima com eles a ferver. Até os joelhos aqueceram. E sem gastos de energia.
Por isso, como dizia o Johnny.... keep walking :)...ler tudo>>

Prenda de Natal I













L'amour est un oiseau rebelle que nul ne peut apprivoiser, et c'est bien en vain qu'on l'appelle s'il lui convient de refuser...
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Não há animais maus...

... há donos tansos.
Admirar a Natureza é amá-la incondicionalmente, aceitar que o "bom" e o "mau", o nascimento e a morte fazem parte dela. Do escaravelho à baleia azul, do pássaro caído do ninho ao urso pardo, somos todos milagres...
Liguem o som:

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PIF - Pay it Forward


Caí nisto numa visita ao blog do Nuno e da Paula. É uma corrente de prendas - as 3 primeiras pessoas a comentar este post recebem uma prenda "feita" por mim, e têm que dar continuidade à iniciativa no blog delas!
Nada melhor para celebrar o espírito natalício:) Vá, nem sabem o que vos espera;)
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Porque não?

na Praça Carlos Alberto, no Porto

Quando estava em Manchester um colega fez questão de me emprestar o livro "Why People Hate America". Eu li a introdução e fiquei por aí. O livro não respondia à pergunta, antes dava uma lista de razões para o fazer, e deveria chamar-se "Why People should Hate America". Para mim, os USA e os americanos são uma coisa demasiado abrangente para me suscitar qualquer tipo de sentimento definido. OK, gostava de ir ao Grand Canyon. E já conheci uma texana que me ensinou a cozinhar o fungo quorn, a alternativa proteica mais saudável para os vegetarianos.

Aplica-se agora mais do que nunca citar uma rapariga que ilumina os dias dos que a conhecem. A Ana:

«como é que alguém pode pensar que é boa pessoa quando só vê mal nas acções alheias? como é que alguém pode pensar que é boa pessoa quando pensa que é uma vítima? como é que alguém pode pensar que há bondade na sua incapacidade de ver o que há de bom em cada um?» ...ler tudo>>

Amor com amor se paga:)

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Lista de Prendas para o Natal 2.0

...Este post é para relembrar família e amigos que, já me conhecendo, sabem perfeitamente que tudo o que cair fora das linhas de orientação para prendas que eu distribuo todos os Natais, vai directo para a CARITAS, Exército de Salvação ou para a primeira instituição de solidariedade onde eu passar. São aceitáveis:



- Um destes: -As quotas da Greenpeace durante 1 ano - (15-20€) http://www.greenpeace.org/international/getinvolved/donate
-Uma prenda daqui: http://www.quintinha.com/
-Um donativo para aqui: http://www.animal.org.pt/ (e oferecem-me o recibo com um desenho por trás)
-Plantas aromáticas ou comestíveis envasadas (faltam-me: arando, mirtilo, framboesa, alfazema, rosmaninho, tomate cherry, chillis, goiabeira)
-Livros do Terry Pratchett - MONSTROUS REGIMENT, disponível na Fnac (atenção que eu já tenho pelo menos 15 e o risco de me darem um repetido é muito grande)
-Bilhetes + visitas acompanhadas a sítios como: Exposição de Cerãmica Japonesa (Museu Porto), Exposição Leonardo DaVinci (Palácio de Cristal, Porto) , Cirque du Solleil (Lisboa e Porto)
-CONCERTO DE NATAL – CCB Lisboa - 23/Dez - Orquestra de Cãmara portuguesa + Voces Caelestes - GRANDE AUDITORIO Preços 10€ – 5€
-Cabazes de frutos secos e produtos biológicos ao vosso gosto. Não incluam chocolate.
- Cachecóis, meias, luvas e écharpes feitos por quem oferece.
- Origamis, idem.


Excluídos e com direito a ir parar à lista negra e receber uma prenda maléfica (não me puxem pela imaginação...eu tenho um vermicompostor em casa) de volta estão:

- Produtos da Natura
- Outros produtos made in China que não os da Natura
- Plásticos (que não sejam a embalagem de algo biológico)
- Coisas que tenham viajado mais de 500 km para chegar até mim
- Coisas em/com pele, pêlo, lã, mohair, lambswool, caxemira e angorá (eu tenho uma gata com pelo angorá por amor de Deuzzz!!!!!)
- Livros de cozinha vegetariana. Não pretendo montar uma biblioteca sobre o assunto e já tenho cerca de 10.
- Gatos em porcelana, plástico ou outro material qualquer. Eu faço colecção de BUDAS e GLOBOS DE NEVE, porque é que insistem em oferecer-me gatos?
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Friorento

Xmas wishlist!!


O mais friorento lá em casa não é uma pessoa; nem é o canário, que mergulha de cabeça no bebedouro cada vez que lhe mudamos a àgua; nem a tartaruga que se recusa a hibernar e vai comendo metodicamente as lesmas no quintal; nem tão pouco algum gato (o que seria provável devido à sua densidade populacional na habitação).

O mais friorento lá em casa é um indivíduo de 12 anos que tem mais pêlo que uma ovelha Gotland, um cesto e uma manta polar, e que mesmo assim este ano continuou a reclamar com o frio até lhe arranjarmos um casaquinho. O Pepe:


Será porque sempre se considerou meio humano? Se qualquer maneira, a minha mãe já arranjou moldes para lhe tricotar um enxoval de casacos, que o bicho tem direito a um pouco de estilo.
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O silêncio é de cristal


....De manhã, o silêncio é de cristal. Porque é frágil mas intenso, transparente e denso ao mesmo tempo. E fácil de quebrar. Acordo sem necessidade de despertador, geralmente 2 ou 3 minutos antes dele tocar, o que me dá tempo para o desligar antes que encha a casa com o seu pio estridente. O silêncio matutino é mais intenso, é um silêncio que ainda não foi quebrado, excepto talvez por alguns automóveis à distância. Até as gatas pressentem que de manhã o silêncio é sagrado. No frio da manhã o som propaga-se com mais facilidade e consigo ouvir o mar no Castelo do Queijo. Os sons da Natureza não rompem este silêncio e não me incomodam.

E detesto ser eu a quebrá-lo. Detesto as primeiras palavras do dia, venham de onde vierem.
Estou em silêncio por fora e por dentro até sair à rua e entrar na Universidade onde me rodeiam de vozes. O dia também tem que acordar. E depois vem inevitavelmente o momento final de misericórdia, aquele em que eu tenho que quebrar o meu próprio silêncio interno e abrir a boca para os primeiros sons do meu dia. "Bom dia". "Com licença". "Olá". Custa-me tanto como o estilhaçar de mil copos de cristal. Agora só amanhã de manhã....ler tudo>>

Kitchen-Garden

Em Inglês não existe uma palavra para "horta". As hortas chamam-se kitchen-gardens, ou jardins de cozinha, porque apareceram quando as famílias que se deslocavam para as cidades à procura de melhores condições de emprego começaram a usar os talhões de terra destinados aos jardins das casas para cultivar hortícolas. Não há casas em Inglaterra que não tenham um quintal, nem que seja para escoar a humidade da casa, com excepção dos apartamentos em prédios que só existem mesmo no centro das cidades. Mas a maior parte das pessoas vive nas periferias, em bairros de milhares de casas semi-vitorianas, vermelhinhas, com o seu kitchen-garden atrás, e deixa os prédios para escritórios.

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coentros ..........................mangericão

Desde há uns tempos atrás resolvi oferecer as minhas plantas decorativas e ir substituindo por plantas comestíveis ou com alguma utilidade prática, como afastar moscas ou proteger a terra dos vasos de fungos e nemátodes. Comecei com couves, coentros, calêndulas, mangericão (basílico) e 3 variedades de hortelã que trouxe da horta da universidade e de casa dos meus pais. Entretanto arranjei também um belo vaso de morangueiros.

Como estou realmente a pensar dar uso ao que for saindo do meu pequeno kitchen-garden na marquise, tenho seguido todas as boas regras de agricultura biológica e a praga de pulgões que veio com as couves foi resolvida com sabão azul diluído em água. Adubei com composto e acho que está a funcionar porque já consegui atrair alguns dos "bichos ajudantes" tão famosos na agricultura biológica. Por exemplo: olhem o ar empenhado da Leela a ajudar a calcar a terra depois da sementeira das cenouras:

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Diários da Invicta


vista da minha janela e praia do Castelo do Queijo

...Por cá o Outono recusa-se a aparecer apesar da mudança horária e das poucas horas de luz já terem provocado uma inundação das ruas de folhas de plátano. O Hugo Chavez e o Paulo Portas continuam a ser uma das razões pelas quais se inventou o taco de basebol. Há um café onde se reúne um núcleo benfiquista nos dias de jogo, no rés-do-chão do meu prédio.


Bolhão...

Já descobri que aqui o cabelo não se usa escadeado mas sim escalado, que um folhado de chocolate é um panike e um penso rápido é um curitas e a broa de Avintes dura 10 dias.
Os portuenses não mandam piropos. Em 4 meses, devo ter ouvido um número igual de bocas dos trolhas. Ao pé da casa dos meus pais para ouvir 4 piropos basta sair de casa e ir ao Pingo Doce a 500 m. Não faz parte da cultura. Será porque as mães de família têm mais bigode que os adolescentes que trabalham nas obras e bícepes de quem mexe o recheio das alheiras nos caldeirões ano após ano? Eu não me metia com ninguém que tivesse uma avó assim.
Aos fins de semana os centros comerciais estão vazios e o passeio de Matosinhos até à Foz está cheio. O Parque da Cidade também. Combinei com uma colega irmos até lá dar os restos de pão aos cisnes, antes que eles voem para sul. Na verdade, nem sei se em Portugal os cisnes ainda voam para sul no Inverno.

...Descobri a feira da ladra. E descobri que têm a Rua Duque de Loulé, a Praça da República, a Praça da Liberdade e a Rua Camões, nós temos a Avenida da Duque de Loulé, a Avenida da República, a Avenida da Liberdade e a Praça Camões.
No sábado passado fui ao Bolhão. E....mãe,...se lá volto, vamos ter bichos de estimação novos...

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Little boxes, on the hillside...

Little boxes made of ticky tacky...


Ainda não faz 2 semanas que uma amiga me disse que devia arranjar umas caixas de cartão e despejar para lá tudo aquilo que não me faz falta. Roupa, cartas, flores secas, recordações, tudo. Que se queria mudar, tinha que começar por arranjar espaço para as coisas novas, e isso fazia-se deitando fora as velhas. "Sem apelo nem agravo" - disse ela - "e também tens de arranjar uma caixa dentro da tua cabeça. Quando te passar uma ideia velha que pertence à pessoa que já não és nem queres ser, manda-a para a caixa".
Bom. Não sendo realmente uma pessoa de acumular tralha, a limpeza material foi fácil. E libertadora.
A limpeza mental tem sido mais longa, mas nem por isso menos divertida. Escolhi não pensar mais de certas maneiras. Escolhi não pensar mais em certas pessoas. Escolhi decidir-me finalmente entre certas ambivalências, e tudo o que sobrou foi para a caixa. Escolhi não me deixar afectar mais por algumas coisa, e mandei isso para a caixa. Agora enfrento-as como eu sempre quis na teoria e nunca tinha posto na prática. Também peguei num bom molho de situações não resolvidas. Para a caixa. Não quero carregar mais com elas. É melhor do que o primeiro banho de mar do ano.

Little boxes on the hillside,
Little boxes made of ticky tacky,
Little boxes on the hillside,
Little boxes all the same.
There's a green one and a pink one
And a blue one and a yellow one,
And they're all made out of ticky tacky
And they all look just the same.

And the people in the houses
All went to the university,
Where they were put in boxes
And they came out all the same,
And there's doctors and lawyers,
And business executives,
And they're all made out of ticky tacky
And they all look just the same....ler tudo>>

A cidade morena

Lisboa é e vai ser sempre a cidade mais linda do mundo, para mim. Não me interessa que a considerem suja (vão a Manchester), agressiva (estamos nos 9 países + seguros do mundo), que digam que as pessoas são distantes (eu gosto de passear comigo mesma), arrogante (acreditem, não pensamos mal do resto do país, nem nos lembramos que ele existe), beneficiada (err... é a capital, a alguma tinha que calhar), etc. Eu adoro Lisboa, os passeios brancos com desenhos dos monstros marinhos das lendas dos descobridores, os cais de onde saíram as caravelas, as palmeiras centenárias nos jardins. Sinto-me em casa no Bairro Alto onde posso ir comer um caldo verde depois de uma saída nocturna e ele parece feito pela minha mãe. Adoro a sensação de estar sozinha no meio de uma multidão cujo colorido não incomoda ninguém e passar despercebida.
Adoro a iluminação de Natal da Baixa, nunca houve um ano que não fosse lá de propósito para a ver. E os jantares de estudantes em tasquinhas da Mouraria. A panóplia de lojas asiáticas que se encontra quando se sobe desde o Martim Moniz, e que já fez amigos de outras terras portuguesas perguntarem-me se era seguro estar ali. Adorava ir estudar para o Castelo de S. Jorge no 1º ano da Universidade. Agora já não se faz isso porque se passou a pagar para entrar no Castelo.

Há 860 anos também não estava a ser fácil entrar no Castelo. Nem pagando. Em 24 de Outubro de 1147, os muçulmanos que construíram e viviam no castelo de Lisboa foram forçados a sair depois de uma batalha de dias com uma multidão teimosa e alguns Cruzados em tour. Não sei se em nome de Deus, de Cristo ou em nome de um povo que precisava de se expandir por causa de uma força interior recém descoberta.
Do lado oposto ao rio, onde viria a ser a Mouraria, conta-se que o soldado Martim Moniz morreu esmagado para que os mouros não pudessem fechar as portas. Deu-se o nome dele à praça que se construiu desse lado na base da colina. Há 860 anos, os mouros foram postos fora do castelo e este foi baptizado castelo de S. Jorge.

Diz-se que mais tarde foram empurrados para sul e expulsos até do Algarve, esse povo de olhos como poços sem fundo. Mas eu acho que eles ainda vivem nos nossos traços, na linguagem, na fúria do sangue, e na calma com que aceitamos o fado que a vida nos põe à frente. Pelo menos em Lisboa, vivem nos cabelos escuros e olhos castanhos com que me cruzo todos os dias. Vivem no meu espelho. Até na minha pele, permanentemente morena, mesmo no pico do Inverno.

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Árvores'R Us

Para quem já teve um filho, escreveu um livro e ainda se sente incompleto;

Ou para quem tem uma pegada de CO2 equivalente à do Godzilla;

Ou para quem, como o António Lobo Antunes, estava severamente deprimido na crónica da Visão da semana passada ;

Ou para quem tem uma prenda de aniversário para dar e está sem imaginação;

Ou para quem acha que elas nunca são de mais mas não tem espaço para uma:

Eles plantam por nós.
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^o_o^

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good old Chantilly

Os gatos podem ser a sombra do sonho que a insónia não nos deixa sonhar

Os antigos egípcios tinham razão. Chamavam-lhes os videntes da noite, reconhecendo a divindade que eles mostram no porte. Eu não me canso de os olhar. Quando era pequeno, brincava com eles, e a minha mãe dizia que era o mais mal comportado do grupo. Depois, conheci muitas «velhas dos gatos», feiticeiras deles rodeadas, que gastam a pequena pensão que recebem em comida para lhes dar, esquecendo-se elas próprias de comer. Vi então que os gatos podem ser a sombra do sonho que a insónia não nos deixa sonhar.

Quando retratou Olympia, Manet pôs-lhe aos pés um gato preto, que olha como se existisse só para isso e com cuja cauda desenha um altivo ponto de interrogação que resume todas as perguntas do mundo. Alberto Giacometti esculpiu «le chat» como se o alongasse para ele vir até nós. A arte, de Leonardo a Picasso, gosta de gatos. E, às vezes, teme-os. De Montaigne a Baudelaire e a Eliot, a literatura também está cheia de gatos. Mallarmé tinha um gato chamado Neige, que (dizia ele) com a cauda apagava os seus versos. O gato de Borges respondia ao nome de Beppo, embora me digam que os gatos devem ter «is» dentro do nome. E, de Mozart a Rossini e a Satie, ouvem-se gatos na música e vêem-se gatos no teatro, no cinema, na fotografia.
Entre nós, Stuart apanhou os gatos famintos e atrevidos do Bairro Alto e de Alfama. Milly Possoz fez deles a sua obsessão e a sua companhia. Fialho ligou-lhes o nome para sempre e Pessoa fez do gato o símbolo da felicidade autêntica, a que não se nomeia. Quem os lê nunca mais esquece aqueles versos que começam: «Gato que brincas na rua/ Como se fosse na cama,/ Invejo a sorte que é tua/ Porque nem sorte se chama.» Agostinho da Silva falava e o gesto da sua mão andava sobre o gato, como um barco sobre o mar. Cesariny, que escreveu o Jornal do Gato, tinha-os em casa e mandava pôr anúncio no jornal quando morriam. Vieira da Silva, que era chamada «bicho» pelo marido, Arpad, deixou a Cesariny um quadro intitulado Mário le Chat. Os surrealistas adoravam gatos e viam neles a liberdade livre de Rimbaud. Que o diga Leonor Fini!

Agora, conto a minha história recente. Ela começa quando uma gata fica sem a dona, que morre. Miava de saudade e de fome pelos quintais e nós demo-lhes comida uma vez. Essa vez foi-lhe esperança de mais vezes e a sua assiduidade à nossa porta passou a ser retribuída com o que ela esperava. Já se disse que não somos nós que escolhemos um gato, é ele que nos escolhe. Assim aconteceu: fomos escolhidos por ela. E por aqueles que a acompanharam. Todos os dias, à hora das refeições, ei-los ali à espera, silenciosos e eloquentes, como o Marcel Marceau que nos acaba de deixar. A gata que descobriu este filão é a única excepção ao silêncio. Mia como quem tem um grito na voz e possui o sentido trágico da vida. Se eu fosse um pouco mais antropomorfista, lembrava-me da Callas ao vê-la. É que ela faz do jardim um palco e, em cada passo, há a certeza do terreno conquistado. Mas, como na Callas, tudo nela converge para uma fuga que não podemos seguir.

Num destes dias, contei sete gatos à minha espera. Protejo-me com este número sagrado e digo que estas coisas não acontecem por acaso.
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another one bites the dust...

X
2.................1
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Blog Action Day - Edible decoration (Decoração comestível)

Bloggers Unite - Blog Action Day



Como prometido, hoje é dia de todos escrevermos sobre ambiente. No site blogactionday.org já há registos de posts de todo o mundo com títulos como "Adopte o Céu", "Efeito Borboleta" e "Coisas que eu nunca pensei que se podiam reciclar".



Eu resolvi cumprir a minha parte acrescentando mais uma dica à eco-lista It's so Easy Being Green que tenho andado a fazer em conjunto com vários bloguistas.
Tenho muitas plantas em casa, e tirando 2 ou 3 aromáticas, todas são apenas decorativas. É um ambiente agradável, mas ocorreu-me que já que estou a gastar água com elas, ao menos deviam ser...comestíveis!

Por isso, comecei a doar as minhas plantas decorativas e a arranjar rebentos ou sementes de plantas comestíveis. Posso intercalá-las com flores nos canteiros, flores das que espantam a bicharada nas hortas biológicas, e ficar com a casa a cheirar a aromáticas por todo o lado!
E pensam que as plantas comestíveis não podem também ser decorativas? Olhem estes exemplos:
tomate-cereja

mirtilos

morangos

....Próximas aquisições: calêndulas, couves portuguesas, cravos da Índia, um canteiro de cenouras para serem colhidas pequeninas e tenras, basílico para fazer pesto, beldroegas, uma planta de beringelas e uma de framboesas:)...ler tudo>>

A Natureza

...tem coisas lindas.
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Blog Action Day - 15/Oct


No dia 15 de Outubro, 2ª feira, o maior numero possível de blogs vai falar sobre um único assunto importante em todo o mundo. Em 2007 o assunto escolhido é o "meio ambiente". Todos os blogs podem falar do assunto dentro do seu proprio âmbito. A ideia é de que todos falem sobre um futuro bem melhor.
Inscrevam-se (para contabilizarmos os resultados) e participem em: http://blogactionday.org/pt
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Frangos

...É isso que eu faço. Esqueçam o Bióloga.

...Nos últimos 3 meses tive gente a dizer-me que:
1) esperam que nenhum cêntimo dos seus impostos vá para me pagar porque aquilo que eu faço não é um trabalho a sério e não produz lucro (por uma licenciada em Português-Inglês):
2) afinal o que é que faz um biólogo? (por um farmacêutico);
3) se sou bióloga, então dou aulas no secundário, não é? (pela senhora onde fui arranjar as unhas)
4) quem quer emprego a sério tem que se mudar de área (pelos pais de um colega que acabou agora um projecto de 14 meses de investigação)

...Sem contar com todas as que já ouvi desde o 12º ano...

...De todas as vezes tenho-me limitado a explicar qual a minha área de investigação e a coisa fica por aí. Mas ontem achei que tinha atingido o meu limite. Fui fazer queixinhas à minha mãe pelo telefone e ela disse-me para contar até 10 antes de pôr plantas tóxicas da flora portuguesa na sopa dessas pessoas. Ia ter piada mas não passava disso. Também me disse que se eu não fosse bióloga, ela própria era capaz de não saber o que faz um biólogo. Que para a mente portuguesa (e suspeito que não só) um cientista ainda é uma coisa brilhante e inatingível que habita nos USA ou no Japão, e que é impossível que a pessoa que têm à sua frente o seja. Deve ser a bata...

...Na verdade o que me apetecia responder a essas pessoas é que alguém investigou quais as moléculas ideais para criar a sopa desidratada, alguém estudou a pata da osga para podermos ter super cola forte, alguém andou à volta de muitas aranhas para se desenvolver uma fibra de seda hiper resistente, e alguém nalgum ponto do espaço e do tempo estudou e experimentou com alguma coisa que deu origem às pílulas, aos guronsans, aos benurons, às tintas para o cabelo, aos cremes de noite e aos bifidus activo que consomem diariamente. E não foram os médicos que lhes escrevem as receitas. Foram biólogos, bioquímicos, engenheiros biotecnológicos.

...No fim da conversa a minha mãe disse-me para não me irritar com essas perguntas, principalmente quando já vêm com uma ponta de má intenção, responder simplesmente que o que eu faço é complicado demais para estar a explicar.

...As pessoas fora da área científico-tecnológica estão para os produtos da biologia como os putos da cidade estão para os frangos: acham que nascem nas prateleiras do supermercado. Por isso, a partir de agora quando me perguntarem, digo que é isso que faço: FRANGOS....ler tudo>>

É bom ser um principiante

chantilly
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A revolução é individual ou não é revolução

"...A quintessência da revolução é a do espírito, nascida da convicção intelectual da necessidade de mudança naqueles em que as atitudes e valores mentais que determinam o destino do desenvolvimento de uma nação. Uma revolução que tenta apenas mudar as políticas oficiais e instituições com o objectivo de melhorar as condições materiais tem poucas hipóteses de sucesso genuíno.
...Sem uma revolução no espírito, as forças que criaram as desigualdades da velha ordem mundial vao continuar operativas, constituindo uma ameaça constante ao processo de reforma e regeneração.
...Não é suficiente apenas gritar pela liberdade, democracia e direitos humanos. Tem que haver uma determinação conjunta de preserverar na luta, de fazer sacrifícios em nome de verdades superiores, de resistir às influências corruptas do desejo, má vontade, ignorância e medo."
Aung San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz, em home-arrest na Birmãnia. Não que ela tenha levantado alguma vez um dedo contra o regime. Mas levantou a voz, e a sua presença e atitude de resistência pacífica tem dado força aos birmaneses para não se rebaixarem à ditadura militar que os domina . Às vezes basta um bom exemplo.
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USA, anos 60?

...Na 6ª feira à tarde arrumei a secretária, apanhei o metro e de seguida o Intercidades para Lisboa. Saí na minha paragem e fui a correr apanhar o autocarro para casa dos meus pais. Pedi ao condutor um bilhete para a última paragem da vila, mas aquele autocarro só ia até à estação principal. O motorista disse-me então que aquela era a última viagem do dia, a seguir ia arrumar o autocarro e podia deixar-me ao pé do meu bairro. Já o conheço desde os tempos de liceu e achei simpático. Reparei que disse a mesma coisa a mais duas ou três pessoas que já são caras conhecidas de, pelo menos, partilharmos autocarros há alguns anos. Até me lembro de ter pensado que se toda a gente fosse assim tão disponível, o mundo era de certeza um lugar melhor.
...Quando chegámos à estação principal, ele avisou toda a gente que queria prosseguir caminho para outras terras para mudar para o autocarro da frente. Fez-nos sinal que ficássemos, e dirigiu-se para os últimos assentos do autocarro.
...Começou a discutir com um rapaz que devia ter entre 25 a 30 anos, com boa aparência e até vestido de maneira algo formal. Disse-lhe que ali era a última paragem e que tinha que sair. O rapaz protestou, apontou para nós e disse que nós também não tínhamos saído e que ele queria ir até à última paragem da vila. O condutor disse-lhe que então tinha que ir tirar outro bilhete porque os bilhetes são mais caros para cada paragem adicional. E disse que se ele queria ir até à última paragem, tinha que pagar, como nós. Mas nós não tínhamos pago. Só que ninguém disse nada. O condutor ameaçou chamar a GNR.
...Uma pessoa de fora do autocarro ofereceu-se para dar boleia até casa ao rapaz, e este acabou por sair quando a conversa já estava num tom bastante azedo. O condutor pegou no autocarro e deixou-nos, aos três espectadores daquele imprevisto, na última paragem da vila, para a qual se tinha oferecido para nos levar sem cobrar bilhete, e foi estacionar o autocarro no parque de pesados ali perto.

Já me esquecia de um pormenor da história. O rapaz era negro. Nós, os outros, não.
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Arte vegetariana

Sem tintas plásticas, colas tóxicas, e completamente biodegradável:) Em Veggie-Art:

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Eco-people

...Os ECOCLUBES são organizações que existem em todo o mundo, compostas principalmente por jovens, e que se dedicam a projectos ambientais de preferência no âmbito da cidadania, dinamizando pessoas que apesar de não pertencerem aos EcoClubes, querem e podem fazer algo por um ambiente melhor (the more, the merrier!).
Em Portugal já existe uma boa dúzia deles, bem dinâmicos, e alguns foram criados com base nas escolas, mas isto não é necessário. Qualquer pessoa pode fundar um EcoClube e pôr a sua comunidade a mexer. Para isso tem o apoio da coordenação nacional de EcoClubes, que os ajuda a organizarem-se e a conseguir apoios.
Faz todo o sentido que sejam empresas locais a investir no melhoramento da qualidade de vida se querem que as pessoas (i.e. clientes) continuem nas comunidades onde nasceram em vez de se mudarem para os grandes centros urbanos.

Bem melhor do que ficar a ver os filmes da TVI ao Domingo à tarde......ler tudo>>

Domingo, no Pavilhão Atlântico

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Felipão, 'tamos com você


...Depois de um sérvio cretino atravessar meio campo em linha recta directinho à bancada portuguesa aos berros e a ameaçar comê-los vivos sem ser impedido por ninguém, Scolari é criticado por lhe ter dado uma estalada mais pequena do que os putos levam em Trás os Montes quando não páram quietos à mesa. Nem sei se lhe acertou. Ou se a intenção era mesmo dar-lhe ou bloquear o ataque ao Quaresma. Se calhar nem tinha sido má ideia o Quaresma apanhar, vinham logo os primos de França e os tios de Espanha e as primas da Feira de Carcavelos, e o Dragutinovic voltava à Sérvia em caixas tupperware.
A violência psicológica é mais ou menos grave que a violência física?

PS: De qualquer modo, ele que vá praticando a arte da bofetada, que os da nossa Selecção começam a merecer....ler tudo>>

Rosa-choque, azul-petróleo, verde-eufémia e vermelho...geneticamente modificado


Fonte: Yahoo! News/Associated Press (link):

"BEZERIL, Gers - Une vingtaine de militants de Greenpeace France ont procédé mercredi matin au marquage par un colorant alimentaire rouge d'une parcelle de maïs OGM sur la commune de Bézéril (Gers). Selon les militants, cette parcelle est "illégale car elle n'a pas été déclarée au registre public des parcelles OGM".

De 4 para 5 de Setembro, militantes da Greenpeace pintaram com corante alimentar vermelho um campo de milho transgénico ilegal em Gers, França, como forma de demonstrar que o uso desta tecnologia não está a ser devidamente fiscalizado. Este campo não está no registo público de culturas transgénicas que é disponibilizado pelo governo francês (http://ogm.gouv.fr/ para que cada agricultor saiba o que tem à sua volta, ao contrário do que faz o governo português que disponibiliza vagamente o concelho (link) e o nome do local onde são plantados OGM.

Comentários: o que falta aos portugueses é sentido de humor......ler tudo>>

Diários da Invicta - Red Bull CO2 Race

(avião amarelo a assapar no circuito)

(patos migradores com turbo)
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Mais uma adição à lista - Pipocas

....A ideia vem de um blog que descobri através do Bioterra , chamado It's So Easy Being Green.
Para fazer pipocas sem ter que se comprar os pacotes "vai ao microondas e já está", que frequentemente se incendeiam e são de material não reciclável, de acordo com a autora do blog, têm um substituto para a manteiga que não tem nada a ver com o original, a solução é:
- Comprar uma espiga de milho no mercado.
- Fechá-la num saco de papel.
- Colocar no microondas até os "pop"s deixarem de se ouvir
- Despejar manteiga derretida ou açúcar por cima enquanto estão quentes.

Já agora, vou rebaptizar a lista(1ª coluna à direita) coisas que nunca se pensa que se podem fazer para salvar o planeta como It's So Easy Being Green. Tem toda a lógica:)...ler tudo>>

Proposta para nova lei do trabalho

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Buda e os gelados de chocolate


...Há uns tempos tive uma discussão interessantíssima com algumas colegas, em que falámos das várias técnica, terapias, filosofias e religiões que prosperam em livros nas estações de serviço e que incitam à transcendência da nossa condição humana.
...Já tinha dado por isso no mundo à minha volta, numa boa quantidade de pessoas a necessidade de ter coisas foi substituída pela necessidade de ser coisas. Mas a competição continua a mesma. Eu sou mais iluminado do que tu. A minha filosofia é melhor do que a tua. O meu Buda é melhor do que teu. E eu fiz 862 cursos que ensinam a contactar o guia interior, a fazer velas de cheiro, a canalizar 357 formas de energia e passo os serões a falar com o Arcanjo Gabriel.

...Acho que muita gente se sente tão encurralada pelos problemas que a forma humana nos traz que prefere afastar-se dela e se possível ir para o cimo de uma montanha meditar. Às vezes também me apetece, mas no fundo sei que a transcendência não é o (meu) caminho. Quero aproveitar ao máximo a minha forma humana e o que posso tirar dela, mesmo que ela seja uma fonte de problemas, a que prefiro chamar desafios. Prefiro o caminho da Imanência, mergulhar na minha humanidade a fundo. E quanto mais me familiarizo com as capacidades e manias desta forma de ser, mais admiro cada pessoa na sua maravilhosa complexidade, e mais tolerante me torno em relação aos que estão tão presos na teia da sua humanidade que lhes chamamos desumanos.

Mas isto não é nada de novo:
Sócrates disse: conhece-te a ti mesmo.
Buda disse: o conhecimento de nós próprios permite quebrar o ciclo do sofrimento.

Eu gostava de acrescentar: vale a pena vir ao mundo só para saborear um gelado de chocolate....ler tudo>>

Já não se podem deixar os miúdos sozinhos...

(imagem descaradamente palmada ao abrupto.blogspot.com)

No minuto em que cheguei a casa, ainda de havaianas e cheia de sal no cabelo, recebi um telefonema da minha mãe a dizer "Liga rapidamente a TV, na SIC". Estava a dar a 1ª reportagem sobre o movimento de cidadãos que destruiu cerca de um hectare de uma plantação de (50 hectares de) milho OGM no Algarve.

O meu primeiro pensamento foi "lá vai o meu trabalho andar para trás". Como bióloga que trabalha no sentido de integrar a espécie humana na natureza sem que existam desequilíbrios prejudiciais às 2 partes, geralmente as manifestações dos "ambientalistas" só vêm descredibilizar a imagem do meu trabalho. Quem é que liga aos maluquinhos que andam a salvar baleias?

Na verdade, no dia seguinte já tinha mudado de opinião. Passo a explicar porquê:

- Sou totalmente contra a violência, mas não acho que o grupo de cidadãos tenha usado violência nenhuma. Destruíram para aí 1% do milho, levaram sacas de milho biológico para oferecer ao produtor e ofereceram-se como mão de obra para o cultivar. Se quisessem mesmo destruir a plantação tinham-lhe pegado fogo como fazem sistematicamente os activistas da Greenpeace em França. A acção foi pacífica e simbólica, e usaram máscaras porque em 2003 houve um caso grave de intoxicação de populações nas Filipinas que viviam perto de plantações deste milho, sendo detectados anticorpos no seu sangue, conforme comunicação do Dr. Traavik (Norwegian Institute of Gene Ecology) numa conferência dada em Kuala Lumpur a 22 de Fevereiro de 2004.

- Não percebo onde é que foram buscar a ideia de que a manifestação era composta por um bando de miúdos que nunca trabalharam. Eu pela TV não percebi se eram miúdos; se nunca trabalharam então pelo menos os estrangeiros não arranjavam dinheiro para cá chegar de avião, e se são assim tão amigos de charros e da preguiça não se explica que tenham posto de pé um evento para 500 pessoas num campo alentejano, com alimentação garantida, fornos solares, casas de banho secas, duches quentes, construções de taipa e uma data de workshops, como estava no programa. A mim soa-me a pessoas bem mais desenrascadas que o cidadão comum, que acha que o frango nasce no supermercado.

- Sinceramente, estou farta do monopólio de informação sobre os transgénicos e de nos quererem inpingi-los à força. Quase todos os comentários que li no Público, no DN e as demagogias no Abrupto e no Ambio são nem mais nem menos do que rezinguices de macho omega. Porque morder ao macho alfa está fora de questão. Para estes senhores é mais fácil cair em cima de um bando de pessoas ("miúdos") que teve coragem de trazer as suas convicções para a rua do que virar-se para quem devia apresentar explicações. Esquecem-se de quando eles eram miúdos que trouxeram as convicções para a rua e fizeram o 25 de Abril, agora que estão confortavelmente empoleirados? Talvez. Mas passo a esclarecer a minha alergia aos transgénicos:

- Os OGM não foram aprovados por nenhum sistema de votação democrática em que eu me lembre de participar, apesar de ter respondido a todas as (muito pouco divulgadas) consultas públicas que decorreram antes da aprovação destes. Alguém se lembra delas? Dificilmente, são realizadas porque a lei europeia o exige mas são escondidas nos sites da UE que nem barras de ouro.

- A Agencia Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) não realiza os seus próprios estudos antes de aprovar uma planta para circulação na UE, aceita como credíveis os estudos apresentados pelas próprias empresas que querem comercializar essa planta (estamos a ficar tão espertos como os americanos). Isto passou-se com o milho transgénico em causa;

- O Dr. Séralini, da Universidade de Caen (França) pegou nos dados fornecidos pelos estudos da Monsanto e tratou-os com um tipo de formula estatística diferente, vindo a revelar que os ratos alimentados com milho transgénico (desse que anda por aí a circular) sofrem perturbações a nivel de fígado e rins.

- Releiam o ponto anterior. As experiências foram feitas em RATOS. Nunca houve uma experiência feita com um grupo de humanos que se dispusessem a comer transgénicos para se verem as consequências. Os primeiros cobaias somos NÓS.

- O principal argumento da UE para levantar a moratória ao cultivo e consumo de OGM é o facto de "estarem a perder a corrida económica com os EUA e a China". Se te mandares ao poço eu vou atrás...

- O aparecimento de ervas daninhas super resistentes, insectos que querem lá saber de folhas geneticamente modificadas e espécies agressivas afins que evoluíram por causa da pressão evolutiva causada pela presença dos OGM é incontável. Leiam http://www.stopogm.net

- O Ministério da Agricultura teve este ano uma atitude vergonhosa de desrespeito para com a população portuguesa, divulgando a localização dos campos de milho GM apenas no fim de Julho quando o milho já ia alto, ao contrário do que está estabelecido na lei europeia transposta para a portuguesa. Além disso divulgou a coisa do género "propriedade sem nome, no concelho X, 30 hectares", o que é igual ao litro. Se temos um campo de OGM ao pé de casa, ficámos a saber agora. Além disso era também obrigado a comunicar esta informação ao Ministério do Ambiente, e não o fez. Vide site do MADRP.

Posto isto, face à indiferença dos cientistas portugueses e europeus no geral em relação a um problema de saúde pública que está a ser causado apenas porque empresas multinacionais querem fazer fortunas à custa de sementes patenteadas (o que é uma estupidez porque elas não desenharam os transgenes incluídos nas plantas GM, apenas os foram buscar a outros organismosI), percebo que haja gente que está farta. O Ministro da Agricultura dizia ontem na TV: se isto faz mal, provem-no cientificamente. Mas onde? E oportunidade para isso? E gente para o ouvir? Quem o queira saber, quem não esteja resignado a comer frangos com nitrofuranos e milho com toxinas de bactérias, onde estão as pessoas que acham que o seu voto ou o seu protesto ainda vai fazer alguma diferença?

100 delas estavam em Silves na 6ª feira....ler tudo>>

Gene para o espírito

---Ofereceram-me o filme Gattaca em DVD. Trata de um futuro próximo onde os pais podem escolher eliminar os genes para doenças e tendências destrutivas nos seus filhos, ainda na fase de embrião. A coisa desenrola-se de tal modo que as entrevistas de emprego passam a ser feitas por uma análise a uma gota de sangue, em vez de uma conversa. Os genes acima do ambiente.

A verdade é que isto nunca acontecerá, porque já se sabe que o ambiente tem demasiada influencia em moldar aquilo que nos tornamos. O melhor exemplo disto é que gémeos verdadeiros, com DNA igualzinho, desenvolvem cérebros com sulcos diferentes devido à influencia do ambiente em que crescem.

E ainda não se identificou nenhum gene para o espírito que nos leva a sonhar mais alto...

No fim do filme vem um extra com algumas pessoas que poderiam ter sido simplesmente vítimas dos seus genes, mas não se ficaram por aí. transcrevi-o, com mais algumas adições da minha parte:

Abraham Lincoln - Síndroma de Marfan
(anormalias cardíacas)

Emily Dikinson
Maníaco-Depressiva

Vincent Van Gogh - Epilético

Albert Einstein
Disléxico


John F. Kennedy - Doença de Addison
(insuficiência adrenal crónica)

Rita Hayworth
Alzheimer

Ray Charles - Glaucoma primário



Stephen Hawking (Físico)
Esclerose Amiotrófica Lateral (degenerativa)

Jackie Joyner-Kersee
(campeã olímpica) - Asma

Carrie-Fisher (Princess Leia)
Maníaco-depressiva

Sharon Stone - Asma
Hale Berry
Diabetes
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